A falta que o pai faz...

 Boa noite, criativ@s!

 Bem, após breve apresentação sobre esse novo mundo parental-criativo, preciso escrever sobre um tema que está "entalado" há algum tempo e que dá título a este capítulo: A falta que o pai faz.

 Ontem fiz uma tentativa com uma nova psicóloga e, basicamente a sessão inteira foi sobre meu pai. Sobre a falta que sinto dele e sobre como me sinto injustiçada pela vida, por terem me tirado ele de forma tão cruel. Ele partiu há 5 meses e 19 dias. Aos 37 anos, a dor da ausência do meu pai é imensa, até pouco tempo atrás era quase insuportável. É como navalha na carne. Sinto como se tivesse perdido toda segurança que ele me passava, ainda que eu nunca tivesse me atentado sobre esse sentimento de segurança enquanto ele esteve presente, talvez porque ele nunca deixou faltar. Fazendo uma comparação muito grosseira, imagino que seja como passar fome depois de uma vida inteira de mesa farta. Sinto a falta dele pelo menos todos os dias.

 Desde o início da idealização do projeto da Parentalidade Criativa, sempre pensei que TODOS os textos, ou quase todos, tratariam das pressões que sofremos com a maternidade, da minha experiência enquanto família uniparental e dos perrengues que a gente passa sendo "mãe solteira"! Acredite, temos que nos desdobrar nas "criatividades", recriar, reinventar, um verdadeiro "se vira nos trinta"! É fazer malabarismos com halteres! É muita responsabilidade, muita pressão, muito cansaço, muitas contas e,  no final, só nos resta fazer o que deve ser feito e muitas vezes conseguimos realizar a maioria das tarefas com amor! Eu sempre me orgulhei de ser esta MÃE, a que tem coragem de encarar de peito aberto uma maternidade ativa, presente e que assume todas as responsabilidades da casa, ainda que na expectativa, pois nunca se sabe o quão "suficientemente boa" (conceito de Winnicott, super importante!) você será, afinal, erramos tanto tentando acertar. Do alto de minha inocência, um dia acreditei que era suficiente e que a ausência do pai do meu filho nunca o afetaria. O fato é que muita coisa mudou.



 Depois de perder meu pai, toda minha vida e minha maternidade se ressignificou e a Parentalidade Criativa abriu espaço para maior compreensão da condição paterna, me trouxe motivação para resgatar pais "perdidos" dentro de sua atuação. Talvez eles precisem dos filhos tanto quanto os filhos precisam deles, ou não. Mas um dos pilares do projeto é abraçar TODAS as demandas, seja materna, paterna e independente da nomenclatura ou da posição em que o cuidador esteja, aqui ele será acolhido. Tenho investido na leitura de livros voltados para a paternidade com a atenção merecida e entendi que, do contrário, o projeto não teria nada de "criativo" e eu seria apenas mais uma mãe solo falando das dificuldades e de maternidade real.

 Por fim, encerro este texto e o dedico a todas as pessoas que passaram por mim e que deixaram suas marcas da falta que o pai faz em suas vidas, eventualmente, gerando um buraco negro que por muitas vezes vai engolindo tudo ao seu entorno. Alguns filhos carregarão um espaço aberto dessa falta, outros podem vir a preencher este espaço com amor, dor, solidão, resiliência, coragem, carência, entre tantos outros sentimentos e sensações. É a partir da experiência vivenciada do lugar de filho que iniciamos nossa jornada de construção parental. Onde você quer deixar seu filho e qual a falta que você pretende ocupar na vida dele? Afinal, todos nós vamos faltar algum dia, mas a forma que a falta faz... Faz toda a diferença... Fico por aqui com esta reflexão. 

 Abraço carinhoso.

  

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